sábado, 3 de fevereiro de 2007

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CRÔNICAS E TEXTOS
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QUEM?
Reinaldo Simões


Em um momento da história em que o mundo se transforma com rapidez (e nesta contemporaneidade quem não abrir os olhos será apenas mais uma cabeça de rês neste admirável gado velho), algumas tentativas de inteligência ainda devem e podem ser feitas. Exemplo: Quem lucra com a fórmula que diz que o pensamento do homem moderno perdeu a sua dimensionalidade para uma visão apenas parcial do cosmo? Ou seja, que afirma que o homem de hoje ficou mais idiota, ou então mais especializado. Que garante que o cérebro humano depois de milhares de anos de exercícios e aprendizado, de ludicidade e conquistas da compreensão e da razão, é agora hipertrofiado e incapaz de expandir-se? Quem lucra com o homo-mediócritas? E quando digo- lucros – é justamente disto que quero falar. Aqui neste mesmo planeta há uma nata humana (e não discriminada em classe social, sexo, idade ou qualquer outra bosta) que não segue o gregário, a linha do matadouro para a cacetada derradeira. Este mesmo escol que sabe pensar por conta própria ergue-se no supremo esforço de sua natureza, como uma onda cósmica que inunda o faminto, precário e abissal buraco negro humano -esta fome de todos os homens- mesmo daqueles há muito já transformados em gado. Mencken no “Livro dos Insultos” avisa que- "Nenhum operário que produz em linha de montagem 1000 peças ou mais de soutien por oito horas-dia poderá sentir-se realizado."- Em seu cansaço não haverá inspiração, em seu pensamento não existirá outra coisa que não seja alívio por livrar-se do fardo. Porém, no raiar do dia seguinte já estará de pé, pronto para sua tarefa de mais trinta e cinco anos à frente, sem qualquer sonho, que não seja comprar uma antena parabólica e divertir-se com uma televisão , um grande deserto com miragens da vida em novelas decadentes e filmes enlatados. Pois bem; quem lucrará com a desertificação cultural que nos assola? Quem lucrará com a destruição do único aparelho natural de nossa evolução – a cultura - que poderia devolver ao homem sua integração a naturalidade e a natureza das coisas e de sua própria existência?


Quantos desses são feitos por dia?

Eu estou falando do soutien!


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O jovem e sua
identidade
Luizinho JR


O jovem brasileiro vive o mesmo drama de outros jovens do mundo: a busca por uma identidade.No mundo capitalista o jovem é visto como “o rebelde de cabeça vazia”, pronto para receber a ideologia dominante e ser manipulado.Na busca pela identidade o jovem se entrega ao jogo da manipulação. Tenta se inserir em grupos ou “tribos” que lhes dêem referência de vida. “Estar na moda é ser moderno”, prega a publicidade.Através do consumo ele busca status pela grife que usa, tenta caracterizar sua personalidade pelos shoppings que freqüenta, tenta suprir sua carência com produtos de outdoors, TVs, cinema, rádio e revistas da moda. Parafraseando Drummond, “sou coisa, sou etiqueta”A busca pela identidade se caracteriza em todas as atitudes ( conscientes ou inconscientes ) do jovem: como o “pichador”, que , mesmo sem saber, se identifica com os homens pré-históricos, que desenhavam nas paredes das cavernas como quem quer demarcar seu território; o jovem que faz o corte “moicano” ou perfura o corpo com objetos de adorno, se assemelha aos indígenas, e outras atitudes mais.O que os adultos mais experientes se esquecem é que também já foram jovens e buscaram identificar-se com algo. Criaram suas gírias, seu estilo e seus grupos. Alguns se identificaram com o que é natural: sua própria família, pais, irmãos. Outros não, identificaram-se ( ou tentaram encontrar uma identidade ) nos ídolos e personagens televisivos da época, ou seja, se os jovens de outrora se achavam “uma brasa” e estavam sempre “ligados”, os jovens de hoje “com certeza” estão.....“tipo assim”.Em suma, se analisarmos friamente as atitudes dos jovens do mundo todo – e não somente o brasileiro – chegaremos à seguinte conclusão:Na busca por uma identidade em seu período de transição da fase adolescente para a adulta, o jovem procura se espelhar nos mais experientes ou naqueles que são vistos – por ele – como heróis. Aí está o problema. Quem cria um mundo de falsos heróis, cheio de conflitos e rebeldias, onde o ter se sobrepõe ao ser, são os adultos e não os jovens. Assim, os jovens de hoje são vítimas da ideologia criada pelos adultos que outrora foram jovens. Ou seja, para mudar a mentalidade do jovem é necessário que o adulto reformule a sua, só assim estaremos criando condições para que os jovens se identifiquem com dignidade e respeito e, conseqüentemente transmitam tudo isso para a próxima geração de jovens.




PICHADORES RUPESTRES













RUPESTRINOS URBANOS


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Verás que um filho

teu não foge à luta

Luca Oliveira

Estava eu fazendo uma pesquisa escolar a respeito da Guerra fria e suas conseqüências.
Obviamente, tive que ler a respeito da Primeira e Segunda Guerra Mundial.
Isso me levou a pensar.
No decorrer da história, muitos países inimigos se tornaram aliados para derrotar outros países. Como por exemplo, a Inglaterra e a França que quase se destruíram na disputa pelo domínio sobre Marrocos , e que com o surgimento do império alemão, se uniram e declararam guerra à pátria nazista.
Analisando isso e observando os nossos dias,, podemos perceber atitudes parecidas nas pessoas. Muita gente, por ver o próximo como “ameaça”, não mede esforços para destruí-lo, faz até alianças com seus antigos inimigos. O principal motivo disso: A ganância, a sede pelo poder, que mesmo depois de todas as guerras, frias ou quentes, continua embutido na humanidade. O que mais impressiona é como isso influencia nossas vidas até hoje.
Os últimos 50 anos do nosso século, sem dúvida, foi totalmente influenciado pelos resultados da segunda guerra. A indústria, a economia, e principalmente o poder de algumas nações. O capitalismo nunca foi tão forte. E pior que isso, as pessoas nunca foram tão capitalistas. O que leva muita gente a trabalhar de oito a doze horas por dia, para sustentar seu estilo de consumista de ser, ostentando seus bens.
Certa vez, um professor e amigo meu, disse que “o capitalismo é uma forma mais eficaz de escravidão”. Não tem como discordar. Hoje, ninguém trabalha por que é forçado. Mas sim, por necessidade. Os que antes obrigavam escravos a trabalhar, hoje fazem com que os escravos sintam falta do trabalho.
Estamos todos em uma teia.
Onde quem manda é quem tem o poder sócio-econômico-militar.
E quem obedece... (você consegue adivinhar?).
Assim caminha a humanidade.
Pedindo paz com armas.
Numa paz que se arma pra guerra, nossas crianças crescem.
Numa democracia que te obriga, e impõe o que se deve ou não deve fazer, nós vivemos sorrindo, com o pensamento de que nós somos os patrões.
Meu objetivo, nunca foi defender algum movimento punk ou algo parecido.
Como diria Gabriel, o Pensador, “Deus me livre dessa rebeldia que fala e não diz nada”.
Mas a conscientização é algo urgente e em escassez!
São mais de duzentos anos debaixo dessa novela sem final!
Esperando que as coisas mudem, mas sem ação nenhuma.
Uma vez, um amigo depois de ler um texto meu, perguntou: “Você critica o capitalismo, mas, como não vivê-lo? Você não vai trabalhar? E não trabalha por grana? O que fazer pra mudar então?”.
Parar de tomar coca-cola, não nos trará a resposta, certamente.
Mas trocar um livro por um programa de TV, só nos fará presas mais fáceis.
O que realmente tem que mudar é a consciência e a vontade de cada um.
Revolução, não é o mesmo que anarquia...
A revolução, como já disse outra vez, deve acontecer de dentro pra fora.
Quem desliga a TV já faz revolução
Mas, enquanto a massa continuar alienada, a única coisa que vai mudar serão os presidentes e senadores desse nosso país (ou nem isso mudará...).
Rebelde hoje é quem assiste novela mexicana.
Até o próprio protesto virou produto usado contra os que protestavam.
Que por sua vez, seguem sorrindo enquanto os que outrora eram seus alvos, roubam, estupram e prostituem sua pátria idolatrada mãe gentil.
E com orgulho transbordando em seu peito, provam que “um filho seu não foge à luta”.


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A LIÇÃO
Fabiana Barros





Você aprendeu a lição? Que lição? São tantas quando o coração consegue entender que, na vida, só vai crescer o homem que acredita ser maior do que vê refletido no espelho de casa.
Sombras de um passado sem lutas, sem garra, mas, o hoje, concede, a cada ser humano, uma chance, uma nova oportunidade de crescimento e reflexão. A alma e o coração podem andar de mãos dadas e, não, na contramão. Uma trilha, uma estrada se abre quando a felicidade vence a dor da tristeza, da sensação fria e solitária de um fracasso.
Feliz do homem que enxerga cor mesmo num dia cinzento, que sorri das quedas, dos desafios, que enfrenta os medos de dias frios com a sensação de calor de um delicioso verão.
A lição é medida com o tamanho do sorriso de cada ser humano, quando a vida pede para ele chorar. A coragem é o termômetro da sensatez, o contrapeso da palavra atitude. Virtude dos mortais considerados vencedores. E somente quem sente a brisa delicada do amor, no fundo da alma, pode compreender o verdadeiro sentido e significado de uma grande lição.
Os mestres podem estar em qualquer lugar, basta um olhar para entender o silêncio que ensina, o sorriso que acolhe. Os grandes mestres são os homens que ensinam enquanto aprendem e aprendem reverenciando a solidariedade do outro que compartilha sentidos e exclamações.
Lições de ontem, lições de hoje, lições de amanhã para fortalecer o espírito, para salvar, do grito e da solidão, um homem aflito diante da grande interrogação da vida. Feridas se fecham quando as lições são aprendidas. Quando o perdão dignifica a existência, quando a essência é destilada na água gelada de um banho ao alvorecer. Nascer e renascer entre gotas de orvalho, curtindo a sombra de um carvalho ou saboreando os gostos típicos das estações do ano.
Viver é muito mais do que respirar, do que a própria respiração, do que a pulsação do coração dentro do peito. Viver é construir o direito a felicidade, dia após dia, sem desistir da delicada fragrância que ela exala, todos os dias, ao amanhecer. Viver é sorrir sem hora marcada, é comer macarronada e agradecer por mais um dia de vida. Viver é colher belas lições do cotidiano como se colhem flores e rosas perfumadas de um lindo jardim. Lições que abrem as portas de corações fechados e cerrados para significados tão nobres como a própria nobreza da vida. Lições que diferenciam um simples mortal de um profeta, de um mestre que emana luz e ilumina a escuridão.
A grande lição da vida é o amor que segue como uma canção ritmando não somente um coração, mas uma multidão de corações que se curvam diante da sua verdadeira grandeza.


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